quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Turquia - Dia 8 - De Kuşadası a Priene, Miletus e Didyma

Dia 08 (02/07/2011 - Sábado)

Priene



    Visitamos Priene sob um sol escaldante - subir a escada de entrada das ruínas foi um feito atlético!
    Priene foi uma antiga cidade grega da Jônia, membro da liga jônica, nas escarpas do monte Mycale, a cerca de 6 quilômetros do rio Meander e a 25 quilômetros da antiga Miletus.  Antigamente Priene se encontrava à beira do mar e foi construída com vista para o oceano em encostas íngremes e terraços, se extendendo do nível do mar até uma altura de 380 m acima deste.  Hoje em dia, após o assoreamento do porto pelo rio, se encontra longe da costa, cercada por campos férteis usados para a agricultura.
    Priene era rica em arte e arquitetura helenísticas.  O local de fundação da cidade no monte Mycale não foi encontrado ainda, contudo acredita-se que a península possuía dois portos.  Priene nunca teve grande influência política devido ao seu tamanho - estima-se que de 4 a 5 mil habitantes moravam na região.  A cidade foi planejada em quatro distritos: o primeiro distrito, que consistia do Bouleterion e o Prytaneion; o distrito cultural com o teatro; o distrito comercial com a Agora; e finalmente, o distrito religioso contendo os santuários dedicados a Zeus e Demeter e o mais importante, o Templo de Atena.
    A cidade visível hoje data do século IV a.C.  Não é a cidade original, que se encontrava em um porto do rio Meander - suas ruínas não foram localizadas, provavelmente por se encontrarem abaixo de camadas de sedimentos que hoje formam o valioso solo agrícola.  Por volta de 350 a.C., o sátrapa (governador) do Império Persa Mausolus planejou uma cidade magnífica nas encostas íngremes do monte Mycale, que seria, segundo esperava, um porto permanente em águas profundas.  A construção foi iniciada quando os macedônios tomaram a região dos persas e Alexandre o Grande assumiu pessoalmente a responsabilidade pela mudança.  Tanto ele quanto Mausolus pretendiam fazer de Priene uma cidade modelo.  Ele ofereceu pagar pela construção do Templo de Atena com projetos do notável arquiteto Pytheos se o templo fosse dedicado por ele a Atena, o que ocorreu em 323 a.C.  A dedicatória se encontra no Museu Britânico.  Outros cidadãos seguiram o exemplo e muitos dos prédios públicos que foram construídos com recursos privados têm inscrições com os nomes dos benfeitores. 
     As ruínas de Priene são consideradas o mais espetacular exemplo sobrevivente de uma cidade grega antiga, intacta exceto pela ação do tempo.  Tem sido estudada desde o século XVIII, e continua a ser.  A cidade foi construída em mármore de pedreiras próximas no Mycale e madeira foi usada para telhados e coberturas.  A área pública está disposta em padrão de grade e a drenagem era feita por um sistema de canais.   As fundações, ruas pavimentadas, escadas, batentes de portas, monumentos, muros e terraços podem ser vistos por toda a cidade entre colunas e blocos.  A madeira não sobreviveu ao tempo.  
    Apesar das expectativas, Priene viveu por apenas alguns séculos como porto.  No século I d.C., Priene já havia perdido seu porto e a conexão com o mar, se iniciando o exôdo de seus moradores para Miletus.  
    Priene foi uma cidade marítima rica, o que se nota por suas construções em mármore.  Um terço das residências possuía banheiros, uma raridade em uma sociedade onde se tinha banheiros públicos.  Possuía um sistema de distribuição de água bastante avançado com aquedutos, cisternas, canais e tubulações que alimentavam casas e fontes.    
    Para maiores informações sobre Priene, visite este site.  O passeio virtual por Priene está neste outro site.

Miletus



     Após a escaldante visita a Priene, seguimos rumo a Miletus.  
    Miletus era uma cidade grega antiga, também próxima ao rio Meanders.  Antes da invasão persa, Miletus era considerada a maior e mais rica das cidades gregas.
    Assim como Priene, as evidências do primeiro assentamento que deu origem à cidade também estão inacessíveis embaixo de sedimentos do rio Meanders.  A primeira evidência disponível remonta ao período neolítico.  No início e na metade da idade do bronze, o assentamento estava sob influência minóica.  Lendas afirmam que um influxo de cretenses ocorreu, expulsando os nativos léleges.
    No final da idade do bronze, século XIII a.C. os primeiros gregos chegaram.  A cidade naquela época lutava contra o Império Hitita.  Após a queda dos hititas, a cidade foi destruída (séc. XII a.C.) e um novo assentamento jônio (grego) teve lugar em 1.000 a.C.  A idade das trevas grega foi uma época de assentamentos e consolidação da aliança chamada Liga Jônia.  O período arcaico da Grécia se iniciou com um brilho repentino de arte e filosofia na costa da Anatólia.  No século VI a.C., Miletus foi a origem da tradição filosófica e científica da Grécia, quando Thales, seguido por Anaximander e Anaximenes  (conhecidos coletivamente pelos estudiosos modernos como a Escola de Miletus), começaram a especular sobre a constituição material do mundo e a propor o naturalismo especulativo (em oposição ao sobrenatural tradicional).
    Mil anos após o nascimento da filosofia e da ciência ocidentais, Miletus deu a luz ao lendário arquiteto de Hagia Sophia e inventor do arcobotante,  Isidoro de Miletus.
    Na antiguidade, Miletus possuía um porto na entrada sul de uma grande baía, na qual outras duas cidades da Liga Jônia também se situavam: Priene e Myus.  Através dos séculos o golfo foi assoreado pelo rio Meander e Miletus se tornou uma cidade interiorana na era cristã.  A cidade foi abandonada à medida em que a economia foi dizimada pela distância crescente do mar.  Há um Grande Monumento do Porto onde, de acordo com o Novo Testamento, o apóstolo Paulo atracou em seu retorno a Jerusalém de barco.  Ele se encontrou com os anciãos de Ephesus e depois foi para a praia para se despedir deles (registrado no Livro dos Atos 20:17-38).
    As escavações em Miletus foram iniciadas em 1873.  Um artefato importante foi recuperado na cidade durante as primeiras escavações no século XIX:  o Portão do Mercado de Miletus, que foi transportado peça a peça para a Alemanha e então reconstruído.  Está em exposição no Pergamon Museum em Berlim.


Didyma


    
    Almoçamos em um restaurante self-service com vista para o Templo de Apolo em Didyma, muito bacana.  Após o almoço, fomos visitar o templo.
    Didyma era um antigo santuário jônio, na moderna cidade de Didim.  Contém um templo e um oráculo dedicados a Apolo, o Didymaion.  Em grego, didyma significa gêmeo - após Delphi, Didyma era o oráculo mais famoso do mundo helênico, mencionado pela primeira vez no hino homérico a Apolo, porém precede a colonização helênica da Jônia. 
    Didyma era o maior e mais significativo santuário no território da grande e clássica cidade de Miletus.  Para se aproximar os visitantes percorriam a Estrada Sagrada para Didyma, com cerca de 17 km.  Ao longo do caminho haviam estações rituais e estátuas dos membros da família Branchidae (linha genealógica de sacerdotes), homens e mulheres, assim como figuras de animais.  Algumas destas estátuas, datando do século VI a.C., estão hoje no Museu Britânico, levadas por Charles Newton no século XIX d.C.  
    Autores gregos e romanos se referiam a Didyma como Templos Gêmeos ou Templos dos Gêmeos, em uma referência a Apolo e Artemis, cujo centro de culto em Didyma foi apenas recentemente estabelecido.  Escavações recentes descobriram um grande santuário dedicado a Artemis, com o foco principal era o uso ritual da água.
    Até sua destruição pelos Persas em 494 a.C., o santuário de Didyma era administrado pela família Branchidae, que dizia ser descendente pura de Branchos, um jovem protegido de Apolo.  As sacerdotisas, sentadas acima da fonte sagrada, forneciam previsões que eram interpretadas pelos Branchidae.  Ambos Heródoto e Pausanias dataram a origem do oráculo de Didyma antes da colonização jônia.  Os Branchidae foram expulsos pelos persas de Dario, que queimou o templo em 493 a.C. e carregou para Ecbátana a estátua de bronze antiga de Apolo.  Após a captura de Miletus por Alexandre o Grande, em 334 a.C., ele reconsagrou o oráculo e o colocou sua administração a cargo da cidade, e os sacerdotes passaram a ser eleitos anualmente.  
    As ruínas do templo, atualmente, são do século IV a.C.  A entrada do templo possui 120 colunas ricamente entalhadas.  Existe uma grande porta onde poemas sobre o oráculo eram escritos e apresentados.  Em ambos os lados da entrada, há duas rampas cobertas para o salão interior do templo, onde os oráculos e profecias eram feitos.  O local tem ainda cabeças de medusa e fragmentos de decoração ricamente entalhados.  
    Para mais informação sobre Didyma e a história do Templo de Apolo, clique aqui.  Há um tour virtual disponível neste site.


Jantar em Kuşadası





     Terminada a excursão deste dia, retornamos ao hotel, onde nadamos no mar Egeu, na praia particular (morra de inveja). Havia pedras de quartzo no fundo do mar, coloridas - muito bonito.
     Depois disso fomos à cidade para jantar e de acordo com a indicação de nosso guia, fomos ao restaurante Kasim Uşta.  É um restaurante de frutos do mar muito conhecido na cidade, localizado no porto.  Os restaurantes de frutos do mar funcionam assim na Turquia:  eles trazem os peixes e demais bichos com muitas pernas (ou sem pernas), você escolhe qual vai querer, eles pesam e cozinham, e aí servem. A princípio o serviço parecia muito bom e a comida também, e o local com vista para o mar é lindo.   Depois fomos percebendo as armadilhas:  o peixe que meu marido escolheu não foi o mesmo que foi servido, que obviamente era menor - porém o peso cobrado foi do grandão mostrado no início.  A conta vem escrita em turco, com a gorjeta e impostos inclusos.  Porém na hora de pagar, eles cobraram a gorjeta de novo e nos pegaram de calças curtas - afinal a maioria dos turistas não entende turco, está no papo!  E durante o jantar aconteceu um evento tragicômico, totalmente registrado em fotos - havia  um pescador cercado de gatos, que obviamente estavam de olho nos peixes que ele pegava.  Olha o pescador com os gatos na foto:


Um dos gatos robou um peixe e saiu correndo, desaparecendo.  Mas não, ele não desapareceu!!!  De repente senti um rabo de gato passando na minha perna embaixo da mesa... Ele estava comendo o peixe embaixo da minha cadeira... Aaaaaaaaaaaargh... Ecaaaaaaaaaaaaaaa...


E terminamos a noite assim:  eu andando romanticamente com meu marido pelo porto, observando as luzes da cidade refletindo no mar e os transatlânticos iluminados, com minhas pernas cheirando a peixe...


Vídeo com as fotos desse dia:





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