Turquia - Dia 12 - De Antalya para Perge e Aspendos

Dia 12 (06/07/2011 - quarta)

   

Perge

     De manhã iniciamos nossa excursão por Perga (ou Perge em turco), uma antiga cidade grega localizada a 15km de Antalya.  

     No século XII a.C. houve uma grande migração do norte da Anatólia para a costa do Mediterrâneo.  Muitos se assentaram na região próxima à moderna Antalya.  Esta região passou a ser conhecida como Pamphylia, que significa "terra de todas as tribos".  Quatro grandes cidades surgiram em Pamphylia: Perge, Sillyon, Aspendos e Side. 

     Perge foi fundada por volta de 1.000 a.C. e fica aproximadamente a 20 km do mar, de modo a facilitar a defesa e para evitar piratas .

     Em 546 a.C. os persas aquemênidas tomaram o controle da região.  Dois séculos depois, em 333 a.C., os exércitos de Alexandre o Grande chegaram a Perge durante a guerra contra os persas (os habitantes enviaram guias para levá-los à cidade).

     O Império de Alexandre foi seguido do Império Selêucida, sob o qual o matemático Apollonius (262 a.C. a 190 a.C.) viveu.  Apollonius era discípulo de Arquimedes e escreveu uma série de oito livros sobre uma família de curvas conhecidas como seções cônicas, compreendendo o círculo, a elipse, a parábola e a hipérbole.

     Perge é hoje um sítio arqueológico e uma grande atração turística.  Visitamos os seguintes monumentos:

• Agora:  o mercado, do século II d.C., é quadrado e mede 75 m cada lado.
• Portão Helenístico:  construído entre os séculos III a.C e II d.C.  É uma estrutura impressionante da época pré-romana.  Consistia de duas torres com um pátio em forma de ferradura entre elas, claramente desenhadas de acordo com a estratégia defensiva da cidade.  As torres tinham três andares cobertos com um telhado cônico.  Com o auxílio de Plancia Magna, várias mudanças foram feitas entre 120 e 122 d.C., transformando a estrutura em um panteão, cobrindo-a com mármore colorido e com vários nichos e colunas coríntias.  Estátuas de deuses ocupavam o primeiro andar e nos níveis superiores havia estátuas de heróis e fundadores de Perge.  
• Nymphaeum:  a fonte monumental foi construída ao final da avenida colunada, aos pés da acropolis.  Este edifício em formato de ferradura e com dois andares possuía amplas portas em arco em ambos os lados.
• Portão romano:  construído no século IV d.C., durante o período da Pax Romana (tempos de paz e tranquilidade) quando as muralhas perderam a sua importância e edifícios como o teatro e o estádio puderam ser construídos do lado de fora da cidade.
• Banhos:  eram os maiores e mais magníficos banhos de toda Pamphylia.  Uma piscina 13x20m cobria o interior de uma câmara no pórtico sul da grande palaestra.  Os habitantes se limpavam nesta piscina após se exercitarem.  O prédio era coberto de mármore e estátuas.  Há uma porta que leva ao frigidarium, que também continha uma piscina.  Antes de entrar, os banhistas lavavam seus pés na água de um canal ao lado da piscina.  Há evidências que o frigidarium era decorado com estátuas das Musas.  Depois está o tepidarium e o caldarium, interconectados.  Abaixo destas salas podemos observar estruturas de tijolos pertencentes ao sistema de hipocausto, que circulava o ar quente da sala da fornalha.  Se banhar na época romana era um processo de vários estágios:  primeiro o banhista tirava as roupas em uma sala chamada apodyterium e dali entrava na palaestra para se exercitar.  Depois ele entrava na piscina para lavar a sujeira e o suor ou se lavava na água quente do caldarium.  Só então ele ia para o tepidarium ou frigidarium para um banho de água fria. Pagava-se uma taxa na entrada dos banhos, que eram usados por mulheres até o meio-dia, e por homens após este horário.  As cubas, pisos e paredes eram cobertos de mármore e as estátuas que antes decoravam os banhos agora estão no Museu de Antalya.  Como Perge não tinha pedreiras, o mármore era trazido de barco da ilha de Mármara.
• Estádio: construído no século II d.C., é um dos mais bem preservados da Anatólia.  Mede 35 x 255 m, tem forma de ferradura em seu extremo norte e aberto no sul.  Sua capacidade era de cerca de 12.000 expectadores.
• Canal de Água:  a água provinda de fontes fluía para uma piscina.  As águas eram levadas através de um canal no meio da avenida colunada, refrescando a cidade.
• Avenida Colunada:  uma rua com colunas passava de norte a sul através do centro da cidade, passando pelo arco triunfal de Demetrios-Apollonius, próximo da acropolis.

     Se quiser saber mais sobre Perge, estes links são muito interessantes:  Rome Art Lover e Perge Virtual Tour.

Aspendos

     Aspendos era uma cidade antiga na Pamphylia, cerca de 40 km a leste de Antalya. Estava situada no rio Eurymedon, a 16km da costa mediterrânea.  A cidade foi fundada em 1.000 a.C. por gregos vindos de Argos.  A larga variedade de moedas cunhadas aqui e espalhadas pelo mundo antigo indica que, no século V a.C., Aspendos se tornou a cidade mais importante da região.  Naquela época o rio Eurymedon era navegável até Aspendos, e a cidade enriqueceu muito com o comércio de sal, óleo e algodão.

    Em 333 a.C., Aspendus pagou uma taxa a Alexandre o Grande para evitar ser cercada, porém ignorou os termos do acordo posteriormente, sendo invadida.  Em 190 a.C. a cidade se rendeu aos romanos, que pilharam seus tesouros artísticos.  No final do período romano, Aspendos começou a declinar.

    Esta cidade é conhecida por ter o teatro mais bem conservado da antiguidade.  Com um diâmetro de 96 m, o teatro tinha capacidade para 7.000 pessoas e foi construído em 155 pelo arquiteto grego Zenon, filho da cidade, durante o reinado de Marco Aurelio.  Foi posteriormente restaurado pelos seljúcidas, que o usaram como caravansaray.  No século XIII o prédio do palco foi transformado em palácio pelo Sultanato de Rum.

    Mantendo a tradição helenística, uma pequena porção do teatro foi construída apoiada na encosta onde a acropolis ficava, enquanto que o restante repousava sobre arcos.  O palco, alto, servia para isolar a audiência.  O fundo de cena ainda está intacto.  O teto de madeira com 8,1 m do palco não existe mais.  Há buracos para 58 mastros no nível superior do teatro, os quais suportavam um velarium (espécie de lona)  que podia ser puxada para fornecer sombra aos expectadores.

    Até recentemente o teatro era usado para concertos, festivais e eventos, mas devido a danos causados pela instalação de equipamentos modernos, o governo turco suspendeu os eventos.  Uma nova arena foi construída próxima ao teatro para manter a tradição de espetáculos ao ar livre.

   Após a vista ao teatro, fomos até os aquedutos: restam cerca de 15 km de aquedutos em Aspendos, construídos por volta de 100 d.C., que incorporavam um sistema de sifão de 1 km.

    Aspendos possui ainda as ruínas de uma basílica, agora, nymphaeum e uma ponte.

    Links interessantes sobre Aspendos:  World Visit Guide (Aspendos) e Virtual Tour Teatro de Aspendos.

Almoço no Anadolupark

     Almoçamos no restaurante Anadolupark:  localizado em meio a um lindo bosque, o melhor foi a Meze (entrada).  Os pratos principais foram bons.  O almoço estava incluso no passeio, porém as bebidas eram pagas à parte (saíram bem caras, diga-se de passagem).  No YouTube há um vídeo do restaurante - é narrado em turco, interessante para ouvir um pouco da língua:

Museu de Antalya

     É um dos maiores museus da Turquia, possui 13 salas de exibição e uma galeria ao ar livre.  Cobre uma área de 7.000 metros quadrados e possui 5.000 obras de arte.  Em seu armazém há mais cerca de 30.000 artefatos que não estão expostos.  
     No final da  Primeira Guerra Mundial, durante a época em que Antalya estava ocupada pelos militares italianos, arqueologistas da Itália começaram a levar tesouros arqueológicos encontrados região, o que alegaram ter feito em nome da civilização.  Para evitar tal atitude, o professor do Sultão (Süleyman Fikri Bey) se apresentou ao governo da província em 1919 e se voluntariou como curador de antiguidades, iniciando o movimento para fundação do Museu de Antalya e coletando as peças que sobraram.
     O museu começou a funcionar em 1922 em uma mesquita,  sendo mudado para o prédio definitivo em 1972.  Foi fechado para restauração em 1982, quando foi reorganizado de acordo com a abordagem museológica moderna, e reaberto ao público em 1985.   
     As salas do museu são:

• Sala de História Natural:  mostra as criaturas vivas desde o homem até organismos unicelulares, gráficos e pinturas, fósseis e ossos.
• Sala da Pré-História:  são exibidos os achados de Karain, Okusini e Sehahoyuk.  Karain é uma caverna que foi habitada por diversas civilizações.  As peças vão do paleolítico até o período romano, incluindo fósseis de animais e utensílios domésticos.
• Sala da Proto-História:  aqui há peças do neolítico, calcolítico e início da idade do bronze encontradas em Hacilar.  As escavações de Semahoyuk revelaram muitas das peças.
• Sala do Período Clássico:  possui obras datando do período micênico até o helenístico, incluindo figuras de barro, recipientes para vinho e pratos. Em uma das vitrines do helenístico está uma importante estátua de Apolo.  Além disso, há estátuas do período romano, que são a maior seção do museu.
• Sala das Estátuas:  estão em exibição estátuas de figuras mitológicas datando dos séculos II e III d.C., do período romano.  Foram encontradas em escavações em Perge.
• Sala dos Pequenos Objetos:  há lamparinas e objetos de vidro dos períodos bizantino e romano, uma bandeja de prata folheada a ouro encontrada por caçadores de tesouro em Kumluca, incensários e lamparinas (séc. VI d.C.).  Na frente da sala há figuras de uma tumba encontrada próximo a Lymira.
• Sala das Estátuas Imperiais:  possui estátuas retratando imperadores, imperatrizes e outros personagens do período romano, vindas de escavações em Perge.  No centro da sala há uma grande estátua de Plancia Magna, uma grande administradora que muito contribuiu para o desenvolvimento de Perge durante seu período de esplendor.  Há também estátuas do Imperador Adriano e do Imperador Septimius Severos e sua esposa.  
• Sala dos Sarcófagos:  sarcófagos do período romano vindos de Pamphylia e Sidemara são exibidos nesta sala.  Os mais bonitos são o Sarcófago de Domitias e o sarcófago que mostra os 12 trabalhos de Hércules.  
• Sala dos Mosaicos:  estão em exposição mosaicos do período bizantino encontrados em Ksantos e ícones da região ao redor de Antalya.
• Sala das Moedas:  exemplares de ouro, prata e cobre do período helenístico ao otomano são exibidos.  As mais interessantes são as moedas da cidade e as imperiais.
• Obras do Período Turco - Islâmico:  esta sala tem exemplares de azulejos otomanos e de Seljuk, tapetes da Anatólia (período otomano), inscrições, livros, candelabros, etc.
• Sala Etnográfica:  possui roupas, bordados, armas e objetos de metal da região de Antalya.  Uma parte da sala foi mobiliada como uma casa típica da Anatólia.

     Visite o site oficial do museu através deste link:  Antalya Museum; ou faça um passeio virtual pelo museu:  Antalya Museum Virtual Tour (muito bem feito, parece que você está realmente no museu).

Jantar no Restaurante Seraser

     Após o passeio retornamos ao hotel para descansarmos e esperarmos anoitecer, afinal, o dia estava muito quente.  Passeamos um pouco pela cidade, fomos ao Bazar Antigo (Old Bazaar), fizemos umas comprinhas (há roupas de marca como Adidas, Burberry, etc. a preços incríveis, vêm até com holograma de peça original).  Voltamos ao hotel para jantar, e aí sim, descobrimos um EXCELENTE restaurante ali, bem embaixo do nosso nariz:  Seraser Fine Dining.  Além dos pratos maravilhosos e deliciosos, com uma apresentação fora de série e um ambiente muito aconchegante e bem decorado, os drinks do bar são incríveis:  o meu favorito foi o Istanbul, feito com Rakı, romã e amoras pretas... Uauuu... Vem em um copo dentro de uma taça cheia de gelo.  Creio que foi um dos drinks mais gostosos que já provei.  Fim de noite perfeito!

Veja aqui o vídeo com as fotos do dia: